Em meio a um cenário de enfraquecimento do sentimento econômico global e aceleração dos investimentos em automação grandes corporações anunciam cortes significativos de pessoal sobretudo em cargos corporativos. É o que aponta reportagem da Reuters publicada nesta quarta feira 29.
Os principais destaques
As empresas Amazon, Nestlé e Target estão entre as que anunciaram cortes de milhares de empregos segundo dados divulgados pela Reuters. Nos Estados Unidos o total de demissões anunciadas no mês ultrapassa 25 mil sem considerar os 48 mil cortes previstos pela UPS no início de 2025. Na Europa os cortes já passam de 20 mil com destaque para os 16 mil postos encerrados pela Nestlé. O foco tem sido principalmente funções de escritório e áreas administrativas diferentemente de funções operacionais ou industriais que até o momento têm sofrido menos impacto. Um dos principais motores dessas decisões é o avanço acelerado da inteligência artificial. Executivos pressionados por acionistas e mercados buscam demonstrar que os investimentos em tecnologia trazem ganho de produtividade e redução de custos.
O mercado de trabalho internacional passa por um fenômeno descrito como baixa contratação baixa demissão. Há poucos movimentos de reposição e pouco fôlego para crescimento de equipes o que indica um cenário de estagnação. Economistas alertam que caso o ritmo de cortes aumente isso pode reduzir ainda mais a confiança do consumidor e provocar desaceleração econômica em países como os Estados Unidos que já enfrentam inflação resistente e tensões comerciais.
Reflexos para o Brasil e para o Grande ABC
Embora o impacto direto ainda seja limitado no Brasil especialistas avaliam que essa tendência pode atingir o país nos próximos meses. Empresas multinacionais instaladas no Grande ABC ou integradas ao setor automotivo e de serviços corporativos podem optar por reestruturar funções administrativas e acelerar processos automatizados. Cargos repetitivos e atividades que não exigem tomada de decisão complexa tornam se mais vulneráveis ao avanço da inteligência artificial. Em contraposição cresce a demanda por qualificação em áreas de tecnologia automação análise de dados e gestão de processos digitais.
Para trabalhadores e empresas da região o momento exige atenção e preparo. Investir em novas habilidades pode ser decisivo para garantir continuidade e competitividade no mercado de trabalho.
O que acompanhar daqui para frente
O monitoramento das próximas divulgações de dados de emprego nos Estados Unidos e na Europa poderá indicar se essa é uma crise estrutural ou apenas um ajuste de ciclo. Caso a tendência se mantenha pode haver influência direta no Brasil tanto por decisões de matriz quanto por efeitos na cadeia produtiva e logística. A evolução do uso de inteligência artificial em grandes corporações deve continuar no centro das discussões sobre futuro do emprego. Resta saber qual será o equilíbrio entre automação e proteção de postos de trabalho especialmente em países emergentes como o Brasil.










