O prefeito de Sorocaba, Rodrigo Manga, foi afastado do cargo por decisão judicial, com validade inicial de até 180 dias. A medida foi comunicada ao gestor enquanto ele estava em Brasília tratando de demandas da cidade. O afastamento ocorre em meio a investigações que apuram possíveis irregularidades em contratos públicos na área da saúde e em compras realizadas pela administração municipal.
O que motivou o afastamento
A decisão está ligada a uma investigação conduzida pela Polícia Federal e pelo Ministério Público de São Paulo. Entre os pontos apurados estão suspeitas de superfaturamento e a atuação de empresas ligadas a contratos da Prefeitura, especialmente na área de saúde e aquisição de equipamentos. Um dos casos sob análise trata da compra de lousas digitais, cujo valor teria sido superior ao praticado no mercado. A operação que envolve Sorocaba ficou nacionalmente conhecida em etapas anteriores e chegou a atingir outras cidades.
A defesa do prefeito
Rodrigo Manga afirmou que o afastamento o surpreendeu e que não teve acesso prévio aos fundamentos completos da decisão. Segundo ele, sua gestão tem colaborado com todas as investigações e não há qualquer prova de irregularidade cometida diretamente por ele. O prefeito disse que a ação tem caráter político, inclusive por ocorrer em um momento em que Sorocaba ganha destaque estadual e nacional através de projetos e parcerias.
Em nota, a administração municipal declarou que está fornecendo todos os documentos solicitados às autoridades e reforçou que os processos de contratação seguiram critérios técnicos orientados pelas respectivas secretarias. O prefeito afirmou ainda que recorrerá da decisão para retornar ao cargo.
A reação da população de Sorocaba ao afastamento do prefeito é marcada por divisão. Apesar do cenário de investigação, pesquisas anteriores indicavam que a gestão de Rodrigo Manga ainda mantinha índices significativos de aprovação: em junho de 2021, por exemplo, 58,8% dos entrevistados consideravam a administração “ótima” ou “boa”. Nas redes sociais, em programas de rádio e nas conversas que circulam pelos grupos de WhatsApp da cidade, formam-se dois polos distintos. De um lado, estão os apoiadores, que destacam a comunicação direta do prefeito, sua presença constante no cotidiano digital da cidade e a capacidade de projetar Sorocaba nacionalmente. Para esse grupo, ele teria modernizado a forma de fazer política e aproximado a figura do gestor do cidadão comum. Do outro lado, surgem os críticos, que acusam o governo de priorizar a construção de imagem pessoal acima de políticas públicas estruturantes, resumindo a administração a slogans e aparições constantes. Expressões como “tem mais vídeo que resultado concreto” exemplificam essa percepção. Um caso simbólico ocorreu em abril de 2025, quando uma rádio local divulgou uma publicação em que seguidores repetiam a frase “vamos morar em Sorocaba?”, que acabou se tornando um tipo de slogan não oficial da gestão e, ao mesmo tempo, motivo de entusiasmo para uns e ironia para outros.
Impactos para a administração municipal
A saída temporária do prefeito exige que o comando da cidade seja assumido pela vice prefeita ou pela autoridade prevista na linha de sucessão. Projetos em andamento, parcerias e contratos poderão passar por reavaliação, principalmente aqueles que estão ligados às áreas sob investigação. Também se espera que a Câmara Municipal se mobilize, seja para discutir o cenário administrativo ou para acompanhar o desenrolar jurídico.
Via opinião
O afastamento de Rodrigo Manga coloca Sorocaba em um momento político delicado. A cidade observa, ao mesmo tempo, uma disputa narrativa entre acusação e defesa e a necessidade prática de manter serviços e obras funcionando. Enquanto a Justiça avança na análise dos fatos, a população acompanha de perto os desdobramentos que podem definir rumos administrativos e eleitorais nos próximos meses.









