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Como são as cidades com tecnologia mais avançada do mundo e o que São Paulo precisa para liderar a América do Sul

Cidades mais tecnológicas do mundo: o que falta para São Paulo liderar?

De Tóquio a Cingapura, Seul e Dubai, viver em cidades tecnológicas significa conviver com serviços públicos 100% digitais, mobilidade em tempo real, sensoriamento urbano e decisões baseadas em dados. Esses centros combinam infraestrutura digital, capital humano e governança — a tríade que, segundo o IMD Smart City Observatory, define o verdadeiro grau de “inteligência” urbana: tecnologia + economia + dimensão humana (qualidade de vida e inclusão).

Em São Paulo, maior metrópole da América do Sul e epicentro do ecossistema de inovação brasileiro, há avanços relevantes — mas ainda desconectados entre si. O resultado é um mosaico de “ilhas de modernidade” que não formam, ainda, um sistema integrado de cidade inteligente.

O que as cidades líderes oferecem no dia a dia

  • Mobilidade conectada (metrôs e corredores inteligentes, priorização dinâmica de semáforos).

  • Serviços sem papel (saúde, educação e licenças totalmente digitais).

  • Rede de sensores e IoT para ar, iluminação, segurança e manutenção preditiva.

  • Cobertura ampla de 5G/6G e Wi-Fi público de alta capacidade.

A literatura mostra que soluções de smart cities melhoram indicadores de qualidade de vida entre 10% e 30%, como tempo de deslocamento, emissões e segurança — um efeito que São Paulo pode capturar se escalar investimento e integração. Serviços e Informações do Brasil


Onde São Paulo está hoje (com números)

Conectividade 5G
O Brasil atingiu 63,6% de cobertura 5G segundo balanço da Anatel (2º tri/2025). São Paulo capital foi uma das primeiras praças a receber a tecnologia e conta com oferta ampla pelas operadoras — base necessária para massificar soluções de mobilidade e serviços digitais. 

Wi-Fi público e inclusão digital
O Programa Wi-Fi Livre SP soma 7,8 mil pontos de acesso gratuitos na cidade (jul/2025), com 702 novos pontos apenas entre jan-abr/2025. Em 2025, houve expansão para +400 comunidades com 2,8 mil novos pontos (até 600 Mb/s por hotspot). Isso sustenta inclusão digital e dá lastro para serviços públicos online.

Semáforos inteligentes e trânsito
A Prefeitura iniciou a instalação de semáforos inteligentes com câmeras/sensores e controle centralizado. A meta é modernizar 2.586 cruzamentos até 2026, cobrindo o Minianel Viário e reduzindo tempo de viagem em eixos críticos. 

Orçamento público para inovação e TI

  • SMIT — Secretaria Municipal de Inovação e Tecnologia: R$ 273,19 milhões (LOA 2025); proposta de R$ 293,94 milhões para 2026 prevê reforço em Wi-Fi Livre, Descomplica SP e canal 156.

  • PRODAM (empresa de TI da Prefeitura): Orçamento 2025 aprovado: R$ 609,88 milhões (atualização até 30/abr/2025). Os planos setoriais incluem contratações de sustentação e modernização de infraestrutura.

Em síntese: São Paulo já tem rede, orçamento e projetos em execução. O desafio é integrar esses pilares numa plataforma única de cidade inteligente, com metas e indicadores claros.


O que falta para São Paulo liderar a América do Sul?

  1. Integração de dados em tempo real
    Unificar fluxo de dados de trânsito (CET), saúde, zeladoria e segurança numa plataforma urbana com APIs abertas para startups/academia desenvolverem soluções de alto impacto. (Base tecnológica: IoT + telemetria + analytics).

  2. Mobilidade digital escalada
    Acelerar o rollout dos 2.586 cruzamentos inteligentes e integrar com transporte público (corredores de ônibus e metrô) para priorização dinâmica e informações preditivas ao usuário. 

  3. Governo 100% digital by design
    Licenciamento, saúde e educação com prontuários e processos nativamente digitais, assinaturas eletrônicas e acompanhamento em tempo real, reduzindo o custo de transação para cidadãos e empresas. (Apoiar via SMIT + PRODAM).

  4. Parcerias (PPP) orientadas a resultados
    Estruturar PPPs de iluminação inteligente, videomonitoramento e energia distribuída (fotovoltaica), remuneradas por KPIs de desempenho (ex.: redução de tempo médio de viagem, quedas de furto, economia de energia).

  5. Inclusão digital como critério de “smartness”
    Manter a expansão do Wi-Fi Livre priorizando periferias e equipamentos públicos, com metas de aprendizado digital (uso de serviços públicos, bancarização, formação tech) acopladas.

FontePrioridadeMecanismoIndicador de sucesso
SMIT / PRODAMPlataforma de dados urbanos, cibersegurança, serviços digitaisLOA + fundos setoriaisUptime, APIs abertas, adoção por secretarias
PPPsIluminação, semáforos, videomonitoramento, conectividade socialConcessões com KPIRedução de tempo de viagem e crimes; economia energética
Privado (telecom, bancos, varejo, big techs)Hubs de dados, pagamento digital, ID urbanaSandboxes regulatóriosVolume de transações, NPS dos serviços
Academia & StartupsSoluções de IA e visão computacionalEditais, desafios públicosPOCs virando contratos e escala

Conclusão

Viver nas cidades mais tecnológicas do mundo é usufruir de serviços previsíveis, rápidos e inclusivos, amparados por dados. São Paulo já possui lastro: 5G difundido no país, 7,8 mil pontos de Wi-Fi público e um orçamento anual relevante para inovação e TI, além de um cronograma agressivo de semáforos inteligentes. O próximo passo decisivo é integrar tudo e pagar por desempenho, transformando pilotos em política pública escalável. Se isso ocorrer, São Paulo tem condições reais de liderar a América do Sul como referência de cidade moderna, tecnológica e inclusiva.

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