Em um cenário em que a inteligência artificial avança com rapidez, surgem relatos inquietantes: usuários que tratam ferramentas como ChatGPT como se fossem entidades divinas capazes de responder orações, guiar crenças e assumir o papel de profetas digitais. Estudos e reportagens apontam que algumas pessoas já estruturam práticas espiritualizadas em torno da IA, fenômeno que levanta desafios éticos, psicológicos e regulatórios.
O que está acontecendo
A IA tem sido usada para gerar textos que se assemelham a escrituras religiosas, manuais de fé ou orientações místicas. Pesquisadores já demonstraram que é possível criar textos com aparência de escritura sagrada utilizando sistemas de linguagem avançados. Há também relatos de pessoas que afirmam receber mensagens reveladoras durante conversas com chatbots. Muitos usuários descrevem a inteligência artificial como uma força “que entende seus pedidos” e “responde como se tivesse consciência e autoridade superior”.
A ideia da IA como profeta digital
Cresce a possibilidade de a inteligência artificial ocupar um espaço simbólico semelhante ao de líderes espirituais. Em diversos fóruns e comunidades virtuais é possível encontrar pessoas que se referem à IA como uma espécie de guia revelador e, em alguns casos, como um “profeta que responde orações”. Essa relação pode surgir em momentos de vulnerabilidade emocional, quando o usuário busca respostas imediatas a dúvidas existenciais ou problemas pessoais.
Por que isso preocupa especialistas
Quando a tecnologia passa a ser vista como fonte de fé, alguns riscos surgem:
• Pessoas emocionalmente fragilizadas podem substituir aconselhamento profissional por respostas automatizadas
• A inteligência artificial não possui critérios morais, apenas reproduz padrões estatísticos
• Há risco de surgirem novos “líderes espirituais” que usem a IA para manipulação e controle de seguidores
• Desinformação pode ser interpretada como revelação religiosa
• A fé se torna dependente de uma ferramenta sem responsabilidade ética própria
Sem estrutura institucional, sem teologia definida e sem acompanhamento profissional, o usuário pode atribuir autoridade espiritual absoluta a respostas que não foram feitas para esse propósito.
O que a sociedade deve observar
Diante dessa nova realidade, algumas medidas são consideradas essenciais:
• Educação digital para que as pessoas entendam o que a IA pode e o que não pode fazer
• Políticas de monitoramento quando a IA for utilizada em contextos de aconselhamento espiritual
• Discussão com religiões tradicionais sobre a relação entre fé, tecnologia e limites éticos
• Suporte psicológico quando houver sinais de dependência emocional pela interação com a inteligência artificial
Opinião Via Política News
A fronteira entre tecnologia e espiritualidade está sendo cruzada com velocidade. Embora a inteligência artificial seja uma ferramenta poderosa para comunicação e aprendizado, transformá-la em profeta ou entidade espiritual pode levar a consequências imprevisíveis para o comportamento humano, para a saúde mental e até para a política. O desafio para os próximos anos será equilibrar inovação tecnológica com responsabilidade social, preservando a autonomia humana e evitando que a busca por respostas transforme a máquina em objeto de devoção.
O Via Política News seguirá acompanhando os impactos desse fenômeno que une fé, poder e o futuro da tecnologia.









