Fonte: Agência Senado
Por que as eleições de 2026 exigem atenção redobrada
Com as eleições gerais de 2026 marcadas para 4 de outubro, quando mais de 155 milhões de brasileiros irão às urnas para escolher presidente, governadores, senadores e deputados, aumenta a preocupação com o uso da inteligência artificial e com a disseminação de conteúdos falsos que podem manipular o processo democrático.
De acordo com diretrizes citadas pela UNESCO, a desinformação busca deliberadamente influenciar escolhas políticas por meio de conteúdo falso, distorcido ou fora de contexto. Nas disputas eleitorais, esse fenômeno não apenas confunde, mas tenta interferir diretamente no voto do eleitor.
O que muda para 2026
O Tribunal Superior Eleitoral estabeleceu novas normas por meio da Resolução 23.732/2024:
A manipulação digital de imagem e voz por meio de deepfakes está proibida
O uso de ferramentas de inteligência artificial em campanhas deve ser declarado
Plataformas terão de agir com mais rapidez na retirada de conteúdo falso ou antidemocrático
Mensagens automáticas enviadas por robôs passam a ser severamente restringidas
Por que o risco é maior agora
Nas eleições anteriores, especialmente em 2018 e 2022, o país já enfrentou uma avalanche de boatos distribuídos pelas redes sociais e aplicativos de mensagens. Em 2026, porém, o desafio se intensifica com o avanço da IA generativa.
A tecnologia permite fabricar vídeos, áudios e imagens com aparência real e disseminá-los em massa. Essa capacidade de forjar “provas” visuais e sonoras pode causar impactos imediatos no comportamento do eleitor e até interferir em decisões institucionais antes que a mentira seja desmentida.
Democracia sob teste
O ambiente digital brasileiro é hoje um território fértil para campanhas de manipulação emocional e ideológica. Perfis automatizados, páginas sem identificação e grupos fechados funcionam como catalisadores de desinformação. A disputa eleitoral corre o risco de ser travada menos com propostas e mais com ataques personalizados produzidos por algoritmos avançados.
O combate à desinformação e o monitoramento do uso de IA serão determinantes para garantir equidade entre os candidatos e integridade do voto.
Opinião Editorial
As eleições de 2026 colocam a democracia brasileira diante de um desafio histórico: defender a vontade do eleitor em um ambiente digital vulnerável a distorções fabricadas pela tecnologia. Se não houver fiscalização firme, cooperação das plataformas, educação midiática e rápida responsabilização de quem produz e distribui conteúdos enganosos, o risco é claro: mentiras bem-feitas poderão decidir o destino do país.
A verdade não pode ser um detalhe secundário em uma democracia. O Brasil precisa estar preparado para impedir que o processo eleitoral seja sequestrado por quem, por meio da tecnologia, tenta vencer pelo engano aquilo que não conquistaria pelo convencimento.









