Uma pesquisa conduzida pela Fundace, ligada à Universidade de São Paulo (USP/FEARP), revelou que os advogados têm baixa confiança no sistema de Justiça do país. Segundo o estudo, que ouviu 644 profissionais, a nota de credibilidade atribuída ao Judiciário brasileiro foi de 31,7 pontos em uma escala de 0 a 100.
De acordo com a publicação da FEARP, os principais problemas apontados pelos entrevistados são morosidade dos processos, dificuldade no acesso à Justiça e tratamento desigual entre as partes.
Esse resultado reforça a percepção de que o Brasil convive com um Judiciário lento e pouco efetivo para o cidadão comum, mesmo diante de sucessivos aumentos orçamentários e investimentos em modernização.
A análise dialoga com levantamentos do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) sobre percepção pública do sistema, que também indicam distanciamento entre o Judiciário e a população, especialmente na garantia de cidadania e resolução efetiva de conflitos.
O que essa baixa confiança significa
A avaliação negativa de quem atua diariamente nos tribunais acende um sinal de alerta institucional. Advogados são agentes essenciais no processo de busca da Justiça. Quando eles demonstram desconfiança estrutural, revela-se uma crise de legitimidade que pode atingir:
Credibilidade das decisões judiciais
Disposição da sociedade em recorrer ao Judiciário
Capacidade do Estado de garantir direitos fundamentais
O mau funcionamento não impacta apenas o tempo do processo: custa dinheiro ao contribuinte, aumenta desigualdades e dificulta o combate a injustiças.
Como acessar o relatório completo da pesquisa
Apesar dos resultados terem sido divulgados publicamente, o relatório integral (com metodologia detalhada, segmentação regional e cruzamentos estatísticos) ainda não está disponível para download.
O documento pode ser solicitado diretamente aos canais oficiais:
Fundace / USP
Email: atendimento@fundace.org.br
Telefone: 0800 77 100 70
Também é possível solicitar informações à assessoria da FEARP/USP pelos contatos institucionais listados no portal da faculdade.
O acesso a essa base completa é fundamental para aprofundar o diagnóstico sobre a morosidade judicial em cada região do país e em diferentes áreas do Direito.
Opinião Editorial
A baixa confiança no Judiciário não é apenas uma estatística acadêmica: é um risco direto à democracia.
Um país em que os cidadãos não creem que a Justiça funcione se torna terreno fértil para abuso de poder, impunidade e violência. Se até advogados, que conhecem o sistema por dentro, estão descrentes, a urgência por reformas é evidente.
Transparência nas decisões, digitalização eficiente, respeito ao tempo do cidadão e combate a privilégios internos precisam deixar de ser promessa para se tornar prática.
A Justiça brasileira não pode continuar sendo um labirinto que beneficia quem tem tempo e dinheiro para resistir. Ela deve ser o caminho mais curto entre o direito e a solução. Quando isso não acontece, quem perde é o país inteiro.
