Excesso de exercícios físicos também prejudica a saúde
Especialistas alertam: treino exagerado sem descanso pode causar desequilíbrios físicos, hormonais e emocionais
A prática regular de exercícios físicos traz inúmeros benefícios. No entanto, quando o volume ou a intensidade ultrapassa a capacidade de recuperação do corpo, os riscos aparecem. A síndrome de overtraining — ou sobretreinamento — e a síndrome da deficiência energética relativa no esporte (RED-S) são quadros que merecem atenção, mesmo entre atletas amadores.
Alterações hormonais e imunológicas
Conforme o endocrinologista Ricardo Oliveira, membro da Câmara Técnica de Endocrinologia do Conselho Federal de Medicina, o excesso de treinamento pode alterar o ritmo circadiano do cortisol, hormônio ligado ao estresse. Em atletas de endurance, também pode ocorrer queda de testosterona. “Até exercício demais pode ser veneno”, afirma.
Além disso, outro estudo realizado pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) identificou que a hiperativação da proteína PARP1 em roedores submetidos a treinamento exaustivo esteve associada à fadiga crônica, perda de performance e alterações comportamentais.
Sinais de alerta que não podem ser ignorados
Tanto no overtraining quanto na RED-S, o corpo manda sinais claros de que não está acompanhando o ritmo. Entre os principais indicativos estão:
queda no rendimento esportivo;
alterações no humor ou no sono;
diminuição ou ausência da menstruação em mulheres;
dor muscular persistente, imunidade comprometida e lesões recorrentes.
Como diagnosticar e tratar
Não existe um exame único que detecte a síndrome de overtraining. O diagnóstico parte do histórico de treinos, alimentação, descanso e sinais clínicos relatados. Exames hormonais ou metabólicos podem complementar a investigação.
O tratamento requer equilíbrio: reduzir a carga de treino, garantir alimentação adequada, repouso e acompanhamento profissional. Dietas restritivas ou jejuns prolongados aumentam o risco de RED-S.
Transformar bem-estar em risco
Ignorar o descanso ou exagerar no volume de treino pode comprometer a saúde e reverter os benefícios do exercício. Entre as possíveis consequências estão aumento de gordura corporal, perda de massa muscular, lesões, queda da imunidade e problemas cardíacos ou emocionais.
Prevenção que faz a diferença
Para evitar essa armadilha, os especialistas recomendam:
Respeitar dias de recuperação no treino;
Manter alimentação equilibrada (carboidratos, proteínas, gorduras boas);
Garantir boas noites de sono;
Observar os sinais do corpo para saber quando desacelerar.
O exercício é um aliado poderoso da saúde, mas só se for praticado com equilíbrio e orientação. No mundo do fitness, menos pode realmente significar mais — basta ouvir o corpo e recuperar para que o treino tenha sentido.






